Canção para quem não vai ler

"Sorte é se abandonar e aceitar essa vaga ideia de paraiso que nos persegue, bonita e breve, como borboletas que vivem apenas 24h..."

Lembrei de algumas coisas hoje voltando da pracinha pra minha casa depois de descer do amarelinho!
Vi nós dois lá dentro, você um semi-adolescente cabeludo e magrelo e eu uma doida desajeitada e desiludida conversando como se fossemos íntimos. As vezes ansiosos para chegarmos a sua casa, ou exaustos e contrariados indo pra PUC (responder chamada sempre é bom,ainda mais num sábado). Você lembra da minha meia preta e vermelha que eu tirei dentro do ônibus para não ser reconhecida? Engraçado demais. Apesar da idade eu ainda era uma criança. Cresci mesmo quando vi a sua meninice ir embora junto com seu cabelo. E o que tinha restado da minha adolescência também se foi.

Não sei se algum dia voltaremos a nos falar. Talvez seja melhor assim: ficar imaginando como seria se tivesse sido diferente, dormir e acordar e cantar Zeca Baleiro todos os dias pra sempre. Imagina!!! Mas, não poderia ser diferente... tinha que ser assim, para eu olhar pra trás e sentir que foi lindo, que durou o necessário, e foi verdadeiro. E, pelo menos pra mim, foi inesquecível.

Eu sei que provavelmente você nem vai ler isso, e que provavelmente pessoas avulsas ficarão a cargo disso. Mas é claro que eu quero que o mundo inteiro saiba disso. Vou contar essa história até meus dedos sangrarem, até minha língua partir ao meio. Pode existir um bem querer apenas pela existência.

Foram apenas três meses, talvez menos, mas foi de uma pureza tão incrível, foi assim, “bonito e breve, como borboletas que vivem apenas 24h”.


"Don't worry, be happy" - "Paz e amor" - Hamburguer - Aula sábado - Saia de bolinha - Padre Quemedo X Capeta Jr - Jogo do Cruzeiro - Neuzaudina - Aparatos tecnológicos -

=)

Lembrar disso deixou meu coração feliz...

"A certeza não vale absolutamente nada, pois, tudo que é sólido se esfarela com o tempo e se vai com o vento" Luana Borges

Nó

Estou com um nó na garganta
Um embrulho no estômago
Um desespero na alma
Um frio, um fagulho

Estou entrando em desespero
Revivendo outra história
Me pergunto do despreso
Eu mereço essa glória

No vazio de mim mesma
Me busco, me esforço
Sinto muito, eu sumi

Giz

Era algo assim
Durava pouco
Esfarelava em minhas mãos
Feito pó de giz
Que se desfaz
Sem se perceber

Escreve-se no quadro
Desgasta
Acaba
Sem se perceber

No chão
Há pó
Branco
História nas mãos

Era frágil
Se foi

Escuto rangidos
No negro quadro
Agora sou só eu
Sem meu negro gato

O que era está no chão
Esfarelado

Quero juntar o pó
Amarrar num nó
Lembranças
Do que restou
Do giz de nós

Tri(ação) A(tra)ção

Me traiste como o sono trai a madrugada
Se Capitu traiu Bentinho me traiste
Para sempre a duvida
Me traiste?
Sim ou não?
A dúvida

Me traiste como a poeira trai o céu
Como um ladrão de um rei rouba o anél
Em uma dança de esgrima tiro a máscara
Me cortas o pescoço o sangue jorra e a vida passa

(Quase) felicidade

Quem sabe um dia fosse eu burra
Para que assim merecesse minha arte
E de partes afins depreendesse minha alma

Quem sabe um dia fosse eu burra
Logo o sono me tamparia o discernir
E de longe vários apreciariam minha arte

Quem sabe um dia fosse eu burra
Nada de mim exigisse, nem de outros soubesse
E um dia o amor suficiente tornaria-se pra sorte

Quem sabe um dia fosse eu burra
Para bastar um bem ao lado meu. Felicidade
E ignoraria eu os mal feitos e inconveniências alheias

Quem sabe um dia fosse eu burra
Ai de de mim, decerto que o amor bastardo do amor
Faz de si coisas grandes e nele mesmo se faz completo

Quem sabe um dia fosse eu burra
Te teria, e muitos outros ao meu lado

Quem sabe um dia fosse eu burra
Quem sabe assim você me amava

T

Com T maiúsculo, mas não é tédio; queima o corpo e apaga a inércia
Se sente por alguém, mas nunca por ninguém
Começa vidas e acaba casamentos
Transforma saliva em mel
Princesas viram putas
E descartam o véu
Você o desperta
Em mim agora
E toda hora
Só quero
Te ter
Aqui
Nua
...